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NOSSA HISTÓRIA

A ESCOLA QUE TRANSFORMOU HELIÓPOLIS NO BAIRRO EDUCADOR

Estudantes, pais e estudantes organizados sugerem e votam nas resoluções que vão definir as regras que deverão ser seguidas por todos. Estudantes criam o material didático em colaboração com seus pares. Estudantes ensinam seus colegas. Estas são algumas das características que a cada dia desafiam a equipe pedagógica da EMEF Pres. Campos Salles a defender e aprofundar o processo de transformação desta que é uma das principais instituições de ensino do Bairro de Heliópolis, região sul de São Paulo. Até a chegada de seu diretor, Braz Nogueira, em 1996, a Campos Salles era conhecida como a “escola dos favelados”. Hoje, após anos de disputa ao desenvolver uma política de forte aproximação da escola com a comunidade, a instituição é referência no quesito “inovação”.  

 

Sua equipe vem desenvolvendo metodologia de ensino própria inspirada na experiência da escola democrática da Ponte, em Portugal. Derrubou paredes, eliminou aulas e provas. Além de ter adotado como princípios a autonomia, a solidariedade e a responsabilidade,  assim como na experiência européia, a Campos Salles somou às suas diretrizes os conceitos de que “tudo passa pela educação” e a ideia do “Bairro Educador”. A cada dia, a equipe pedagógica, além de enfrentar  os desafios naturais de uma experiência que se propõe a construir novos paradigmas, tem de lidar com as questões corriqueiras de uma escola pública da periferia de São Paulo.

 

Um educador que falta, outro que não se adaptou a metodologia. Um estudante que não dormiu por conta do batidão realizado em frente a sua casa,  a avó que não sabe mais como cuidar do neto, pois a mãe há dias não aparece. Um estudante que tem dificuldades em se alfabetizar, ou uma turma que não consegue se concentrar. Todo dia, uma nova surpresa. A história é longa e começa há mais de 50 anos.

 

Uma história de luta em defesa da educação

A EMEF Campos Salles foi inaugurada em 1956 para atender as famílias de agricultores e funcionários das olarias que habitavam o sul da capital Paulista, local que foi sendo ocupado de forma desordenada até formar a comunidade de Heliópolis.  Na década de 70, dois episódios impulsionam a ocupação veloz e caótica da região. Um deles foi a criação do então maior hospital da América Latina, Hospital de Heliópolis, que atraiu milhares de trabalhadores nordestinos. O outro foi um processo de remoção de centenas de famílias da região onde hoje está a avenida Vergueiro. Homens, mulheres e crianças foram removidos para as redondezas do hospital de Heliópolis e as promessas da substituição de seus barracos pela construção de uma habitação digna, ficaram no papel. Cada um teve de se virar. Os puxadinhos e gatos passaram a dominar.  E a falta de infra-estrutura, de saneamento e de qualquer tipo de política pública, transformaram o território em terra de ninguém.

Os anos que se seguiram, marcaram Heliópolis pela onda de violência e pela presença intensa do crime organizado. A região ganha fama internacional “de maior favela do mundo”. A Campos Salles também sofre com a estigma e passa a ser conhecida como a escola dos “favelados e marginalizados”.

Este é o cenário que o diretor Braz Nogueira encontrou quando assumiu em 1996 a gestão da instituição. Sua estratégia, então, foi abrir a escola (derrubar os muros e grades) e promover um intenso processo de aproximação com a comunidade. Foram realizados cursos para pais e lideranças sobre a importância da educação e cidadania. Adotou-se o lema “tudo passa pela educação”. Surgiram as comissões de limpeza, conservação, cultura, esporte e lazer, reivindicação. Em dois anos, o Conselho Escolar transforma-se numa instância ativa e a “a escola dos favelados” torna-se a “escola da comunidade”.

Reivindicar a paz. Dentro e fora de sala de aula

Bairro educador: onde aquele que ensina também aprende e aquele que aprende, também ensina

O contexto social não era nada fácil. Os moradores conviviam diariamente com toques de recolher ordenados pelo comando do tráfico. Em uma destas ocasiões, Braz decidiu com os alunos que eles não iriam fechar a escola. E resistiram. Naquela noite, em 1996, surge o grupo de estudantes fundador do grêmio que contribuiu para aprofundar o processo de politização e consciência social, característica que diferencia os alunos da Campos Salles. A partir de então, a escola passa a reivindicar a paz na vida de toda a comunidade.

Em 1999, uma tragédia! A aluna Leonarda, de 16 anos, é baleada na cabeça. O choque e a tristeza provocam um levante pacífico. E a escola lidera a primeira Caminhada pela Paz, ato que vem se repetindo desde então. Momento em que o debate sobre os direitos humanos e a solidariedade acontece de forma natural. As famílias vítimas de violência transformam lágrimas em esperança pelas ruas de Heliópolis. Todo ano, desde então, ao longo do primeiro semestre, os estudantes realizam atividades que propõe a reflexão sobre o sentido da paz e as causas da violência. Preparam campanhas para também mobilizar a comunidade e no dia da caminhada, na segunda quinta feira de junho, saem pelas ruas, chamando os moradores a se juntarem à manifestação, num momento em que todos, sem exceção, podem passear tranquilos, sem o risco de serem surpreendidos por alguma ação violenta.

Democracia para todos

A  Caminhada pela Paz vem consolidar a ideia defendida por Braz em relação a necessidade de  fortalecer Heliópolis como um Bairro Educador, onde todos os moradores são parte da comunidade escolar e  “onde aquele que ensina também aprende e aquele que aprende, também ensina”. Mas durante anos o educador conviveu com uma inquietação: a escola havia conquistado seu lugar na comunidade, mas dentro das sala de aula, os métodos tradicionais de ensino resultavam em evasão, na insatisfação de professores e alunos, e, consequentemente no baixo rendimento das aprendizagens. Foi então, que, em 2006, ele implanta o projeto que introduziu a EMEF Pres. Campos Salles aos princípios da Escola da Ponte, experiência que já vinha sendo experimentada pela EMEF Amorim Lima, no Butantã.

De lá para cá, uma nova experiência é colocada em prática todos os dias. O roteiro de estudo é o principal instrumento para conduzir as aprendizagens dos alunos e também dos professores. A cada conquista  um novo modelo de gestão escolar se aprimora – onde os alunos tem poder de decisão e as aprendizagens pretendem ser resultado de um processo mais horizontal de troca, pautado na solidariedade e responsabilidade. Ali, o  caminho se faz caminhando.

Escola Municipal de Ensino Fundamental Presidente Campos Salles
Estrada das Lágrimas, 2385 - Heliópolis - São Paulo / SP

 (11) 2947 - 6723   / (11) 2940 - 4131

WhatsApp: (11) 94488 - 5280

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